sábado, 14 de janeiro de 2012

Creas Pop Criança e Adolescente promove reintegração familiar

Ação foi desenvolvida em parceria com a Vara da Infância e Juventude de Vitória da Conquista

Segundo o 19º artigo do Estatuto da Criança e do Adolescente/ECA, “toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família”. Ciente disso, a Prefeitura de Vitória da Conquista, por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, tem investido em serviços que garantam e fortaleçam a rede de proteção ao público infantojuvenil em situação de rua no município, a fim de proporcionar a eles a convivência familiar e comunitária.

Exemplo disso é o Centro de Referência Especializado de Assistência Social à População em Situação de Rua/Creas Pop Criança e Adolescente – primeiro serviço específico para esse público instalado no Brasil. Entregue em 19 de dezembro de 2011 à comunidade, o Centro tem como objetivo trabalhar com as crianças e os adolescentes que vivem pelas ruas da cidade, por meio de oficinas profissionalizantes e atendimento psicossocial, na possibilidade da reintegração familiar.

E a poucos dias de completar um mês de funcionamento, o Creas Pop Criança e Adolescente cumpriu esta missão. Na manhã dessa sexta, 13, estiveram reunidos na Vara da Infância e Juventude de Vitória da Conquista, localizada no Fórum João Mangabeira, membros da Prefeitura Municipal e doJudiciário com a finalidade de proporcionar novamente a convivência familiar e comunitária a uma das adolescentes atendidas pelo serviço, a adolescente de iniciais C. B. S., de 14 anos de idade. Ela fará um passeio até a cidade natal, podendo se estender até Salvador, onde atualmente reside a sua mãe.

“Esse ato simboliza uma grande vitória, que eu desejo que a comunidade de Vitória da Conquista compreenda como uma vitória que é precedida de muito trabalho de uma equipe de assistentes sociais, de psicólogos, de educadores que estão nas ruas com a criança e com o adolescente. O retorno de uma criança à família não é um processo fácil. É um processo que implica em várias questões emocionais e de trabalho. Então, é imprescindível que a comunidade nos ajude; que compreenda que cada menino em situação de rua é um caso particular e que a gente tem que adentrar a vida desse menino, a vida familiar dele, da comunidade onde ele está agora, as relações que ele faz na rua e com o uso da substância psicoativa, para que ele retorne a sua casa e para que a gente tenha o sucesso nisso”, salientou a secretária municipal de Desenvolvimento Social, Nádia Márcia Campos.

Vontade atendida e acompanhamento – Segundo a coordenadora municipal da Proteção Especial, Kátia Freitas, a adolescente que estava em atendimento desde a implantação do Creas Pop sempre manifestou a vontade de encontrar a mãe biológica, inclusive, durante a entrega do serviço. “Foi trabalhado isso em uma das nossas oficinas do Creas Pop Criança e Adolescente: esse despertar, esse desejo de sair da rua. Então, ela disse que queria conhecer essa mãe, e nós não medimos esforços, buscamos e hoje estamos aqui”, esclareceu. Ela ainda afirmou: “A reintegração hoje dessa adolescente tem sido um motivo para outros adolescentes que também estão em situação de rua despertar o desejo da sua também possibilidade de reintegração familiar”.

Mas o trabalho do Creas Pop Criança e Adolescente de Vitória da Conquista não se encerrou neste ato de entrega da adolescente à sua família. De acordo com o coordenador do serviço, Ualy Castro, será feito um trabalho de encaminhamento e monitoramento dela. “É importante lembrar que essa família vai residir em Salvador e que a gente vai encaminhá-la para o Creas Central, que fará os devidos acompanhamentos e para o Centro de Estudos e Terapia do Abuso de Drogas/
Cetad, que vai contribuir no caso específico dessa adolescente. Ela é uma sujeita de direitos, uma pessoa que tem um potencial e que precisa ser descoberto na relação intrafamiliar”, destacou.


Esforços conjuntos – A reintegração familiar da adolescente contou com a parceria da Vara da Infância e Juventude de Vitória da Conquista, que acompanhou o processo desde o início. Na oportunidade, o juiz desta Vara, Juvino Brito, salientou que esta ação “é síntese de um trabalho que frutificou e nos anima a prosseguir com as providências que temos adotado para também conseguir resultado semelhante para outros tantos adolescentes que aqui se acham”.

Já o promotor da mesma Vara, Marcos Coelho, enfatizou: “Essa ação simboliza tudo o que o Estatuto da Criança, as legislações mais modernas, os doutores e os escritores na área da infância desejam: a prevalência da família sobre todas as situações. E a gente concretizar hoje aqui é motivo de muita felicidade e mostra como toda ação de todos os órgãos - Prefeitura, Estado e Ministério Público - está no caminho certo, porque não é fácil você retirar a criança da rua para reinseri-la na família”.

Nova perspectiva de vida – Ao voltar para o aconchego de sua família, a adolescente espera ser muito feliz, e como afirmou, estudar. Ela também espera realizar alguns sonhos, como brilhar nos campos de futebol ou nos palcos de teatro. “Tô feliz porque eu encontrei minha mãe. Espero que os meus amigos também encontrem as mães deles”, disse a adolescente.

E o que não vai faltar para a menina é amor, afirma a tia dela de iniciais L. B. S.: “É um momento muito emocionante porque nós não esperávamos encontrar ela. Mas Deus colocou ela na nossa vida, nós vamos acolher, colocar ela no nosso lar, na nossa família. Vamos fazer de tudo que nós pudermos para ela poder se encaixar junto com a gente. E Deus vai ajudar a gente com isso. Nós vamos colocar ela junto, de onde ela nunca deveria ter saído”.

Respeitando o sigilo judicial, as identidades da adolescente e da sua tia foram preservadas.

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